
FRATERNIDADE é compreensão, Onde os Irmãos sabem dizer, ou ouvir: Sim ou Não! FRATERNIDADE é Alegria, Quando os Irmãos estão junto Todo o Dia!-FRATERNIDADE é União, Onde os Irmãos estão sempre em comunhão! FRATERNIDADE é Ajuda Mútua, Quando os Irmãos não fogem á Luta!-FRATERNIDADE MAÇÔNICA é quase tudo isto, Por isto, não desisto! Hoje e sempre, insisto, Ver em cada Irmão, o ensinamento de CRISTO!
sábado, 11 de setembro de 2010
O Rito Moderno no Contexto da Maçonaria Universal
O Rito Moderno no Contexto da Maçonaria Universal
1.O que é o Rito Moderno?
A pergunta que serve de primeiro subtítulo ao presente artigo, sempre foi objeto de minhas indagações desde que fui Iniciado, em 11 de setembro de 1969, na Loja "Comércio e Artes". Tais indagações provinham do fato de que, ao declarar que a minha Loja adotava o Rito Moderno em seus trabalhos, notar certa estranheza por parte de meus interlocutores, quando em visita a outras Lojas, na condição de Aprendiz e Companheiro. Estávamos no limiar da década de 197O e, com o decorrer do tempo, pude constatar que havia algo mais contra o Rito Moderno. Já se faziam sentir os primeiros sinais de uma campanha, que atingiu o seu clímax em meados daquela década, com a mudança para o Rito Escocês Antigo e Aceito, promovida por várias Lojas, inclusive, pela "Comércio e Artes" e "Esperança de Nictheroy", duas das três Lojas Metropolitanas, que junto com a "União e Tranqüilidade", deram origem ao Grande Oriente do Brasil, em 17 de junho de 1822.
E, por mais estranho que possa parecer, vale ressaltar que, entre os mais ferrenhos adversários do Rito estavam muitos Irmãos praticantes do Rito Moderno, cujo propósito era o de promover a sua extinção.
Tal fato aguçou a minha curiosidade e o desejo de procurar as verdadeiras causas de tão insidiosa campanha, dando início a um trabalho de pesquisa, valendo-me dos documentos existentes na Biblioteca da Grande Secretaria de Cultura, onde encontramos farto material de consulta, inclusive, transcrição dos anais do Grande Oriente de França de determinada época.
Releva assinalar que o Grande Oriente do Brasil, nos seus primórdios, sofreu grande influência do Grande Oriente de França, tanto assim, que a sua primeira Constituição foi, como que, uma tradução da adotada por aquela Potência. E mais, a divisa - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - instituída, em 1877, pelo Grande Oriente de França é a que, ainda hoje, é adotada pela Maçonaria brasileira regular, representada pelo Grande Oriente do Brasil.
A certa altura, em 1972 e já pertencendo aos quadros da Oficina Chefe do Rito, já tinha em meu poder um razoável acervo de anotações que me permitiu entender os motivos que levaram os nossos Irmãos franceses a promover tão audaciosa quanto profunda reforma, do Rito, em 1877, abolindo os dogmas da crença em Deus e na imortalidade da alma. Não seria temerário afirmar que, a partir da reforma, o Rito Moderno adquiriu uma identidade própria e singular, sem, contudo, ter alterado a sua estrutura primitiva; tornou-se, assim, atualizado e adequado às necessidades atuais e - por que não dizer - às profundas transformações a que, estamos assistindo e as que estão por acontecer...
O presente trabalho é uma síntese de dois outros, já realizados em 1976 e 1977 e que estão sendo ampliados, abordando algumas das facetas do Rito, segundo o conteúdo filosófico, doutrinário e humanitário dos postulados da Maçonaria Universal, da qual é ele o seu fiel e legítimo intérprete.
2.Feitas estas considerações iniciais, à guisa de ilustração, vamos trazer algumas informações sobre o Rito Moderno, que fazem parte de sua história.
O Rito Moderno é um dos seis Ritos administrados pela Potência Simbólica - o Grande Oriente do Brasil tão regular e legítimo quanto os demais.
Originariamente chamado Rito Francês, teve sua origem no ano de 1761, ria França. Instituído em dezembro de 1772, foi oficialmente instalado em 9 de março de 1773, com apenas os três Graus Simbólicos - Aprendiz, Companheiro e Mestre.
Era 1786, após uma série de acalorados debates desde a sua fundação, entre duas correntes que se formaram - uma que defendia a sua estrutura primitiva e, outra, favorável à adoção de Altos Graus - o Rito Francês passou a adotar mais quatro ordens de Graus Filosóficos. Assim permaneceu até o ano de 1 877, quando então ocorreu a grande reforma do Rito - em nosso entendimento - o grande e mais importante acontecimento de que se tem notícia na história da Maçonaria universal. Preservando a sua estrutura e a sua identidade, os nossos Irmãos franceses promoveram uma verdadeira revolução., ao abolirem os dogmas da crença em Deus e na imortalidade da alma, o que provocou violenta reação por parte da Grande Loja da Inglaterra.
Com a decisão do Grande Oriente de França, a Maçonaria inglesa assumiu uma posição de franca hostilidade, acusando aquele Grande Oriente de ter rompido a universalidade maçônica, em virtude de ter assumido uma posição de ateísmo, contrária aos postulados da Maçonaria universal. O clima de hostilidade assumiu tais proporções, que os Maçons franceses foram proibidos de freqüentar os Templos da Grande Loja da Inglaterra. Hoje, sabe-se que a posição adotada pela Grande Loja da Inglaterra deveu-se mais a motivos políticos e econômicos que, propriamente, maçônicos.
Ainda rios dias de hoje, muitos escritores Maçons - certamente, por não terem entendido o verdadeiro sentido da reforma investem contra o Rito, acusando-o de agnóstico, espúrio, ateu, etc.
Presumimos que a intensidade das críticas ao Rito está na razão direta do desconhecimento que dele têm os seus adversários e detratores. Não obstante, para alegria nossa, temos constatado que as restrições que, em passado não muito remoto, assumiram estranha virulência, hoje, vêm sofrendo um processo de arrefecimento, tendente a desaparecer.
3.Onde está, pois, a irregularidade do Rito Moderno?
A resposta a tal pergunta, vamos encontrá-la no Livro das Constituições de Anderson, publicado em 1723, por encomenda da Grande Loja da Inglaterra e que dão o suporte doutrinário à Maçonaria universal. Em 1738, as Constituições de Anderson sofreram algumas modificações que, no entanto, não alteraram o seu conteúdo.
Vejamos o que diz, em seu item 1, o documento citado:
"1. O que se refere a Deus e à religião".
O Maçom está obrigado por vocação a praticar a moral e se bem compreender os seus deveres, nunca se converterá em um estúpido ateu, nem irreligioso libertino. Apesar de nos tempos antigos, os Maçons estarem obrigados a praticar a religião dos países que habitavam, hoje, crê-se mais conveniente não lhes impor outra religião, senão aquela. que todos os homens aceitam e dar-lhes completa liberdade, com referência às suas opiniões particulares. Essa religião consiste em serem homens bons e leais, quer dizer, homens honrados e justos, seja qual for a diferença de nome ou de convicção. Desse modo, a Maçonaria se converterá em centro de união e é o meio de estabelecer relações amistosas entre pessoas que, fora dela, teriam permanecido separadas ou não se conheceriam. "
Conforme se pode depreender do texto citado, já em 1723, o Pastor Anderson defendia a plena liberdade de consciência. Impunha, sim, a condição de que fossem homens honrados, bons e leais, aquilo que hoje chamamos de "homens livres e de bons costumes".
É, pois, fácil concluir que o Rito Moderno é um Rito regular, perfeitamente conformado aos postulados da Maçonaria universal, diferindo dos outros, tão somente, por não propiciar aos seus praticantes, o acesso ao Grau 33, o que, talvez, não seja do agrado de muitos que são Iniciados em nossa Ordem. Nós os entendemos; "são livres e de bons costumes".
Poderíamos encerrar aqui o presente trabalho, sem outras considerações, por julgá-las desnecessárias. No, entanto, como homenagem aos nossos Irmãos franceses, adiante transcrevemos uma das citações constantes dos anais do Grande Oriente de França que, pela sua beleza e profundidade, merece o nosso aplauso:
"Modificando um artigo de seus Estatutos, o Grande Oriente de França não pretendeu fazer profissão de ateísmo ou materialismo, como se poderia crer. Nada mudou, nem nos princípios nem na prática da Maçonaria. A Franco-Maçonaria francesa permanece o que sempre foi - uma Maçonaria fraterna e tolerante. Respeitando a fé religiosa e as convicções políticas de seus adeptos, ela deixa a cada um nessas delicadas questões a, liberdade de consciência. Visando o aprimoramento do homem e seu bem-estar, ela só exige àqueles que querem ser admitidos em seu seio, sentimentos de honra e de amor ao bem, para que possam cooperar utilmente na obra do progresso da civilização". (Boletim do Grande Oriente de França, ano 1876, pág. 382).
... O homem do Século XX - o século das crises, no dizer de certo historiador - assistiu e foi protagonista das transformações mais profundas e importantes da história da humanidade, em todos os tempos.
A Idade contemporânea, cujo marco inicial foi a Revolução Francesa, em 1789, está prestes a se encerrar. O acontecimento que deverá marcar o seu final e que, talvez, esteja por acontecer em breve, fica por conta dos historiadores.
Já há prenúncios do advento de um novo período histórico, que eu chamaria de "NOVA ERA". Não importa o nome que venha a ser dado, a grande realidade em nosso entendimento - é que já se delineia a fronteira que os separará.
A Maçonaria que sempre atuou como líder oculto das sociedades, como se comportará diante da perplexidade assustadora do mundo de amanhã? Os nossos Irmãos franceses, em 1877, já nos deram a resposta, com a magistral interpretação dos fundamentos da Maçonaria universal, amoldando-a às contingências de qualquer época.
Ao libertarem o Rito Moderno de qualquer influência dogmática propiciaram, aos seus praticantes a condição de livres pensadores, para o desabrochar da Maçonaria cósmica, na conquista dos ideais de LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE e para o estabelecimento de uma humanidade
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