Powered By Blogger

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Anno lucis 5.771 e diamantes



Anno lucis 5.771 e diamantes

Há muitos modos de contar o tempo pretérito. Um deles é somar 3760 ao ano civil, levando-se em conta que o mundo teria sido criado por Deus há 4000 anos (segundo os intérpretes ortodoxos da Bíblia) e que, 240 depois, a Luz do conhecimento sagrado fora transmitida a Adão durante uma iniciação no Jardim do Edem. Mais de 28% da população mundial conta o tempo e numera os anos de acordo com outras tradições. O calendário judaico é contado a partir de 7 de outubro do ano 3760 a.C; o ano Rosacruz começa a 21 de março (início do ano natural), contado a partir de 1352 a.C. O ano que numeramos como 2011 é o ano 1432 islâmico que se baseia no ciclo lunar, partindo do primeiro dia do primeiro mês - 1° de Muharram - do ano da Hégira. Se estamos em 2011, este é um número arbitrário adotado pela igreja católica romana após dezenas de ajustes entre o calendário eclesiástico, a história e a astronomia. Desde a Renascença houve centenas de correções no calendário. O calendário que usamos hoje foi inventado pelo Papa Gregório XIII em 1580. Leiam "História do Calendário" de Hernâni Donato, historiador, jornalista e professor brasileiro ou, se quiserem aprofundar mais e ficarem atônitos com os arranjos feitos pelas religiões e pelos reis nos séculos XVI e XVII, leiam "Calendar: Humanity's Epic Struggle to Determine a True and Accurate Year" de David Ewing Duncan ou "Mapping Time: The Calendar and Its History" de E. G. Richards. Em termos de numerar o tempo, tudo não passou de convenção.



A data fatídica recentemente enunciada num jogo de algarismos espelhados (21122012~21022112) é uma infantilidade decorrente do desconhecimento da história dos calendários. Toda profecia numerológica é mágica, baseia-se erroneamente no calendário inventado pelo papa Gregório. E todas continuarão falhando: o dia 21-12-2012 será um dia como todos os outros. O charme dos algarismos espelhados (hábito e diversão dos matemáticos da Idade Média para entreter a corte) poderia ter apontado para qualquer sequência de algarismos que apresentassem essa curiosidade, por exemplo: 17-07-1707 (dezessete de julho de mil setecentos e sete). Os antigos intérpretes ortodoxos da Bíblia entenderam que estamos no "Anno lucis 5.771" (e nisso concordava a simbologia dos textos maçônicos, pois James Anderson era pastor anglicano e se deixou levar pelos cálculos de James Ussher e Etienne Stephen Hales).


A partir da 00:00 hora da última sexta-feira, entramos no “anno lucis 5.771" e não aconteceu absolutamente nada. Façamos as contas: 5+7+7+1=20. Prossigamos, 2+0=2. Por outro lado, 2011 dá no seguinte "cálculo numerológico": 2+0+1+1=4. A raiz quadrada de 4 é 2, o que não significa absolutamente nada em termos proféticos. Raízes quadradas sempre existiram. As redondas também. Daí, as geleiras estão lá - gelando tudo - e as latinhas de cerveja que o esquimó colocou para o réveillon viraram pedra. O tal esquimó teve que levar todas para o Al Gore aquecer, pois mudanças climáticas, deriva continental, eclipses, equinócios, terremotos e tsunâmis existem desde que o mundo é mundo. Releiam os livros de História e de Ciências.


Levantei cedo e conferi: humm, hummm... as árvores continuam verdes... a castanheira que a prefeitura e a Cemig podam 9 vezes por ano, continua crescendo num ritmo desesperado entre o asfalto e o passeio de cimento. A árvore nem dá notícia das centenas de caminhões e ônibus a óleo-diesel que desfilam sob suas frondosas galhas, entupindo os espaços da folhagem com repugnante CO2. Autotrófica, a árvore desembesta pela fotossíntese e tudo vai voltando ao normal. Os bem-te-vis continuam gritando a partir das 4:40 da manhã. Acordo com a algazarra canora e aproveito para agradecer a Deus a existência de aves que, a julgar pelo nome, bem-nos-veem. “Anno 5.771”, não aconteceu nada e, se deixar, aquela graminha que apareceu entre o muro do prédio e a cerâmica do piso, vira uma árvore num piscar de olhos; em menos de seis meses, racha a parede e compromete a rede de esgoto. Nada detém a natureza, nem mesmo as superstições. A clorofila e a hemoglobina nem sabem que existimos. Cuidam do seu papel levando oxigênio e outros bujões de gazes aos órgãos consumidores. Apenas cumprem a lei ditada pelo Criador há 4.849.155.929 de anos atrás: CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS. Você joga inseticida hoje, e amanhã à noite reaparecem as mesmas formigas, rindo na nossa cara. Começou o “Anno Lucis 5.771” e o Rio de Janeiro continua lindo! Começou 5.771 e São Paulo não parou por causa disso, nem Belo Horizonte andou mais depressa. Dilma Vana Rousseff tomou posse de mãos dadas com o PMDB. Não obstante, eixo da Terra está firme. Segundo os pessimistas, o eixo e os polos ele desviarão 0:01:002 graus só daqui a 68.826 anos.


O que poderiam anunciar os "endotéricos" é a possível mudança na mentalidade das pessoas. Que tal aumentarmos o aquecimento global entre homens, mulheres, crianças e idosos? Temos que derreter geleiras de indiferença e deixar que o nível do mar chamado Fraternidade inunde as terras todas. Precisamos de um tsunami de afeto, um terremoto que sacuda a cabeça dos políticos e um tornado que torne melhores os chefes idiotas - já que não se pode ficar livre deles sem perdermos o emprego. Precisamos de um safanão sistêmico que empurre para bem longe os picaretas, os falsos profetas e os que se dizem “representantes de Deus”. Os famintos e os deserdados clamam por verdadeiros provedores da dignidade humanidade. Ninguém precisa de mercadores de livros fantasiosos e gurus libidinosos. Deste “anno 5.771" até 68.826, precisamos rever esses livros em código que subjugam a humanidade através do medo. Não queimá-los - pois não se queimam livros; mas denunciá-los como lixo mental. Vamos cuidar de crescer e nos multiplicarmos sobre a face deste que é o melhor dos mundos. Cresçamos mentalmente e multipliquemo-nos fisicamente segundo os bons e velhos métodos inventados por Deus.


ENQUANTO ISSO, OBSERVANDO O CÉU AZUL, DEU-SE O SEGUINTE: astrônomos ingleses descobriram um planeta, a 1.200 anos-luz da Terra, com altíssimas concentrações de carbono. Isso levou o mundo científico e os magnatas a imaginarem a existência de algum planeta todo de diamantes. É o caso do especialista em diamantes da De Beers, Robert Cheng cujo olho cresceu. Afinal de contas, grafite, carvão e diamante são farinha do mesmo saco, com a diferença que ninguém coloca diamante na lapiseira, nem as madames desfilam com colares de carvão. O planeta de carbono foi batizado Wasp 12b, onde, ao invés de mares, existem lagoas de piche incandescente. Imaginem essa tralha toda chegando na Terra: teremos ruas perfeitamente asfaltadas com incrustações de diamantes! "Diamantes São Eternos", dizia Ian Fleming, autor do 007.